Tinha tantos planos para ainda fazer. Ir de carro para Bahia era uma delas. Eu adoro dirigir e me falaram que é uma viagem bem gostosa de se fazer.
São quase 2.500 km que um carro bom faz brincando, mas eu tinha medo dos outros carros na direção contrária. Tinha o costume de alugar carros quando era bom. Adorava pegar um carro novo e dirigir. Normalmente, carro automático. No Brasil, ainda se tem a cultura de ter carros de marchas manuais, mas isto está mudando.
Uma semana antes de ter o AVC lembro de mim dirigindo meu carro sozinho perto de casa e falando pra mim mesmo como eu gostava de dirigir e que poderiam acabar comigo se me tirassem este prazer. Agora, estou totalmente imóvel em uma cadeira de rodas sem poder emitir som algum. Tenho minha visão de mim do ângulo do banco do passageiro em minha mente. Apesar de me darem como morto na primeira semana que estive no hospital, estou escrevendo este texto em um computador com movimentos voluntários do meu polegar direito.
Outro sonho que eu tinha era de conhecer o Rio de Janeiro. Conhecida por suas belas praias e paisagens, também é conhecida como berço do samba, meu gênero musical favorito e encravado em minhas entranhas.
Voltar para os EUA era uma coisa que eu, decididamente, não pelo fato de minhas filhas terem nascido lá e ter conhecido minha esposa em um local tão distante, mas eu sou apaixonado por aquele lugar. Antes de conhecer a Bahia , era o lugar que escolhi para morar. Eu sonhei muito no período que estive no hospital. Todo o período que estive no hospital até nos momentos que estava acordado eu achava que estava nos EUA. Fui perceber que estava no Brasil dias depois de estar em casa.
Minha relação com os EUA é muito forte. Decidi vir embora porque estava ilegal e tinha muitas saudades dos meus pais. De certa forma, não teria todo suporte que tenho atualmente se estivesse lá. Com 21 anos elas poderão fornecer todos os documentos necessários para viver legalmente nos EUA. Hoje elas tem 20.
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