DE REPENTE, LIS

A vida de Jefferson Silva diagnosticado com a Síndrome do Homem Encarcerado ou Locked In Syndrome (termo em inglês mundialmente conhecido pela sigla LIS)


O corpo humano

Sabe aquela estória que você, às vezes, escuta alguém falar que não sabe o que vai acontecer dentro de alguns minutos, que não sabe se vai estar vivo em alguns instantes? Pois é, aconteceu comigo. Fui dormir normalmente, como de costume, e acordei imóvel e sem falar em uma cama de hospital. Por isso eu digo: se tiver dúvida, faça! Você pode não ter uma segunda chance. 

O corpo humano é extraordinário e ao mesmo tempo misterioso. Como uma bola de carne se sustenta sozinha, escuta, enxerga, sente dor, frio e calor. Capaz de emitir som, raciocinar e se reproduzir? 

Se parar para pensar um pouco, nada se converte em alguma coisa do nada. Uma fonte de energia nos mantém alerta e responde a estímulos quase instantaneamente. Essa fonte foi severamente danificada em mim e vários sentidos meus não funcionam mais. Ou melhor, a maioria das partes do meu corpo não funciona. Uma parte, como disse antes, que não foi danificada foi minha mente. 

Ainda consigo lembrar e pensar. Acho que uma forma de demonstrar isso é escrever em outro idioma. Também é uma forma de demonstrar que minha mente ainda está funcionando.

I have been on a bed and a wheel chair for the last four years. I have been like this sine I had a very strong stroke. I can’t move any pcart of my body, unless one finger that is typing this text. I can’t eat or drink. I don’t see any difference in my situation.

Assim, sigo uma rotina, com a ajuda dos meus familiares. Não vivo da maneira que vivia antes. Estou 100% dependente, vou seguindo dançando conforme a música. Tenho certeza que não estaria vivo sem a ajuda dos meus familiares. O que eu tenho é incompatível com a vida.



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