DE REPENTE, LIS

A vida de Jefferson Silva diagnosticado com a Síndrome do Homem Encarcerado ou Locked In Syndrome (termo em inglês mundialmente conhecido pela sigla LIS)


Dia de ir no médico

Hoje, eu fui ao médico. Meu irmão, minha esposa e a enfermeira Evelyn me levaram. Um verdadeiro arsenal é montado para que eu vá a um simples médico. Todo ritual foi mantido para ver o porquê  de eu não respirar pelo nariz. A fonoaudióloga Sandra estava junto para explicar minha situação e para também entender o meu caso. O médico deu uma pincelada nos meus exames, deu uma cutucada no meu nariz dizendo que era outro exame e que eu não tinha nada e bloqueio era devido ao AVC e que meu problema era neurológico Todo esforço para nada e minha dificuldade para expirar persiste. 

Porém, a saída não foi totalmente em vão. Meu irmão estava dirigindo e pegou outro caminho. Por este caminho eu havia passado várias vezes e ainda não havia passado desde que tive o AVC. Imóveis que estavam em construção, viraram lojas, prédios inteiros de apartamentos ou hotel. Na ida também pude perceber a quantidade e tipos de carros novos na rua. Apesar de ter minha visão danificada, pude perceber esses detalhes. 

Na volta, foi escurecendo aos poucos pude notar padarias e restaurantes chiques abertos, iluminados por dentro por lâmpadas amarelas. Fiquei imaginando se eu estivesse bom, certamente poderia entrar em qualquer um deles. Imaginei comer, junto da minha esposa, em algum daqueles restaurantes. Tudo isso, enquanto estou imóvel dentro do carro, sem poder falar e com o ar condicionado ligado forte no frio para desembaçar o vidro da frente pois chovia e fazia frio.



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